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Copa FIFA 2014 | Fatos e Curiosidades: Cruzeiro/RS
16/06/2014

Time do Rio Grande do Sul ajudou os mexicanos em partida contra a Suíça no Mundial de 1950

Copa FIFA 2014
Ilustração dos uniformes da seleção mexicana. A direita o uniforme emprestado pelo Cruzeiro/RS

Estima-se que o México conta com até 30.000 torcedores no Brasil durante a Copa do Mundo. O advogado Francisco Dornelles, presidente do Cruzeiro-RS, ainda não viu nenhum desses turistas em Porto Alegre. Mas é justamente na capital gaúcha que o próximo adversário da Seleção Brasileira conta com um considerável apoio entre os anfitriões do torneio.

A ligação do México com o Cruzeiro-RS tem origem na Copa do Mundo de 1950, com um curioso episódio que marcou a história do hoje modesto clube do Rio Grande do Sul. Foram as camisas listradas em azul e branco do time local que os mexicanos utilizaram na derrota por 2 a 1 para a Suíça, em 2 de julho, no antigo Estádio dos Eucaliptos."Foi um fato pitoresco, uma história bonita, que sempre relembramos. Temos uma simpatia pelo México em função disso. Criou-se um carinho", comentou Francisco Dornelles, o mandatário do Cruzeiro-RS, que só não estará do lado da seleção mexicana no jogo contra o Brasil, nesta terça-feira, no Castelão. "É claro que não. Não é para tanto. Até poderia ser, porque o México é um país muito querido. Se a nossa história fosse com a Argentina, imagine... Estaria mais tranquilo. Mas o Brasil é o nosso país. Não há dois dele", justificou.

Em 1950, não havia dois uniformes do México. A delegação que veio ao Brasil trouxe apenas um jogo de camisas vermelhas (ainda não tinha adotado a atual, verde), mesma cor utilizada pela Suíça. Por isso, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) promoveu um sorteio na véspera do encontro entre as duas seleções para definir qual teria o direito de utilizar a sua vestimenta tradicional. Os mexicanos conquistaram a única vitória em toda a Copa naquele cara ou coroa, porém tiveram uma atitude simpática e cederam os trajes colorados, quase grenás, aos suíços.

"A partir daí, iniciou-se uma busca pelo empréstimo de novas camisas ao México. Levamos vantagem sobre o Grêmio por causa da proximidade", contou Dornelles, triunfante. O antigo Estádio da Montanha, então casa do Cruzeiro-RS e hoje um cemitério, estava situado perto do Eucaliptos. Os gremistas tinham a sua sede no bairro Moinhos de Vento e, para piorar, deixavam o serviço de rouparia no centro de Porto Alegre.Dessa maneira, o México pôde homenagear o Cruzeiro-RS, que faria 37 anos em 14 de julho de 1950. As relações já estavam estreitadas antes mesmo do jogo da Suíça, pois os dirigentes mexicanos foram convidados para escutar pelo rádio a vitória brasileira sobre a Iugoslávia, por 2 a 0, na casa do time gaúcho. "Tudo isso foi algo muito bonito, que é guardado por quem cuida da nossa história. Essas coisas ficaram mais vivas agora, com a volta da Copa ao Brasil", observou Dornelles.

O Mundial atual, entretanto, é bem distinto daquele de mais de seis décadas atrás. O agora verde México está longe do Rio Grande do Sul - disputa todos dos seus jogos pelo grupo A no Nordeste - e ganhou mais moral no futebol modernizado pela Fifa. Naquela época, além da derrota sofrida como Cruzeiro-RS para a Suíça (Bader e Antenen marcaram os gols europeus, e Casarín descontou), caiu também na abertura diante do Brasil, por 4 a 0, e mais uma vez no Eucaliptos contra a Iugoslávia, por 4 a 1.

"Não estou acompanhando tanto o México, então não sei direito as qualidades da equipe do presente, mas uma coisa é certa: eles têm a nossa torcida. Espero que consigam ir com tranquilidade para as oitavas de final", reforçou o presidente do Cruzeiro-RS, insatisfeito por não ter contato com os coirmãos estrangeiros. "Sei que somos um país continental, e isso dificulta as coisas. Seria mais fácil trabalhar alguma coisa com eles se estivessem no Sul."A ideia de Francisco Dornelles era aproveitar o retorno do México ao Brasil para divulgar mundialmente o fato que marcou a história do Cruzeiro-RS. Ele chegou a conseguir o e-mail de um brasileiro que integra a comissão técnica mexicana, "mas as coisas não andaram", até porque a delegação está hospedada em Santos (SP).

Ainda há tempo para alguma movimentação. "Temos que relembrar o que aconteceu!", empolgou-se o presidente do Cruzeiro-RS, disposto até a inverter em 2014 o que aconteceu em 1950. "A seleção do México poderia nos fazer um carinho e ofertar um dos seus jogos de camisas. Aí, em uma determinada partida, a gente usaria. E um amistoso com eles, então? Seria fantástico. Teríamos muito orgulho", acrescentou.

Apesar de tamanho entusiasmo com as possibilidades de explorar mercadologicamente o elo com o México, Dornelles não admitiu ouvir que o episódio de 1950 é o mais significativo da história do Cruzeiro-RS. "Estivemos 32 anos fora da primeira divisão, mas já fomos a terceira força do Rio Grande do Sul. Fomos o primeiro clube gaúcho a excursionar pela Europa. Somos centenários, muito queridos. Agora, já estamos há quatro anos na primeira divisão. Mas, sem dúvida, ceder as camisas ao México foi importante", disse.

O Cruzeiro-RS não foi o único clube do mundo a "jogar" uma Copa do Mundo. Em 1978, o time amador Kimberley, da Argentina, apareceu como a solução para um impasse que se criara entre as já eliminadas França e Hungria. Os húngaros ganharam por sorteio o direito de atuar de branco, porém os franceses (venceram aquele jogo por 3 a 1) entraram em campo com a mesma cor em protesto contra a arbitragem do torneio. O brasileiro Arnaldo César Coelho só aceitou iniciar a partida quando alguém repetisse o feito da equipe brasileira que incentiva o México no Mundial de 2014.

Fonte: Assessoria de Imprensa | Colaboração Terra Esportes - Marcos Guedes




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